اعوذ بالله من الشّيطان الرّجيم ، بسم الله الرّحمان الرّحيم
A Criação da Luz de Muhammad (saws)
Um dia Ali, karam Allahu wajhahu, o primo e genro do Sagrado Profeta (saws [que a Paz e as benções de Deus sejam sobre ele]) perguntou: “Ó Muhammad, os meus pais sejam o meu resgate, suplico-te, diz-me o que é que o Senhor Todo Poderoso criou antes de todos os seres da criação?”. Esta foi a sua abençoada resposta:
Na verdade, antes do teu Senhor fazer qualquer outra coisa, Ele criou a partir da Sua própria Luz a luz do teu Profeta (saws), e essa Luz manteve-se haithu mashaAllah, onde Allah quis que repousasse. E nesse tempo não existia qualquer outra coisa, não existiam as Tábuas Preservadas, a Pena, não Céu ou Inferno, a Corte Angélica, nem os céus e a terra; não havia sol, nem lua, nem estrela, nenhum jinn, ou homem, ou anjo – nada era ainda criado, apenas esta Luz.
Então Allah – que Ele seja glorificado – por divino decreto quis que a Criação fosse. Assim, Ele dividiu esta Luz em quatro partes. Da primeira parte Ele criou a Pena, da segunda as Tábuas e da terceira o Divino Trono.
Depois sabe-se que quando o Senhor criou as Tábuas e a Pena, a Pena tinha uma centena de nós, sendo a distância entre dois nós a distância de uma jornada a pé de dois anos. O Senhor, então, ordenou à Pena que escrevesse, e a Pena respondeu “Ó Senhor, o que devo escrever?”. O Senhor disse “Escreve: la ilaha illAllah, Muhammadan Rasulullah”. De imediato a Pena respondeu “Ó, que belo, grandioso nome é o de Muhammad a ser nomeado em união com o Vosso sagrado Nome, Ó Senhor”.
O Senhor então disse “Ó Pena, atenção às tuas boas maneiras! Este nome é o do Meu Amado, apartir da sua Luz Eu criei o Trono e a Pena e as Tábuas: tu, também, foste criada apartir da sua Luz. Senão fosse por ele, Eu não teria criado uma única coisa.” Quando Allah Todo Poderoso proferiu estas palavras, a Pena dividiu-se em duas pelo temor ao Senhor, e o lugar de onde emitiu o discurso ficou bloqueado, de forma que até hoje a sua ponta permanece fendida em duas e obstruída, e assim não escreve, o que constitui o sinal do seu grande segredo. Assim, que ninguém falhe na veneração e homenagem do Sagrado Profeta (saws), ou se torne displicente em seguir o seu brilhante exemplo ou infrinja o nobre costume que nos ensinou.
De novo o Senhor ordenou à Pena para escrever. “O que escreverei eu, Ó Senhor?” perguntou a Pena. O Senhor dos Mundos então disse “Escreve aquilo que será até ao dia do Julgamento!” A Pena disse “Ó Senhor, pelo que devo começar?”, respondeu o Senhor “Com estas palavras tu deves começar: Bismillah al-Rahman al-Rahim”. Em perfeito respeito e deferência, a Pena começou a escrever estas palavras nas Tábuas e completou o escrevê-las em sete centenas de anos.
Quando a Pena escreveu estas palavras, o Todo Poderoso falou e disse “Demoras-te sete centenas de anos a escrever três dos Meus Nomes; o Nome da Minha Majestade, da Minha Misericórdia e da Minha Compaixão. Estas abençoadas palavras que fiz enquanto presentes à nação do Meu Amado Muhammad (saws). Pela Minha Majestade garanto que sempre que qualquer servidor desta nação pronuncie as palavras da Bismillah com uma pura intenção, eu registarei sete centenas de anos de inumeráveis recompensas para este servidor e sete centenas de anos de pecados eu apagarei”.
Então, a quarta parte desta Luz Eu dividi de novo em quatro partes: de uma parte criei o Trono – suportando os Anjos(hamalat al-‘Arsh); da segunda criei o Kursi, a Divina corte ( o Céu superior que suporta o Divino Trono, o ‘Arsh); da terceira Eu criei todos os outros anjos celestes; e a quarta parte dividi de novo em quatro: da sua primeira parte Eu fiz os céus, da segunda fiz a terras, da terceira Eu fiz os Jinn e o fogo. A sua quarta parte dividi de novo em quatro partes: de uma parte fiz a luz dos rostos dos crentes; da segunda parte eu fiz a luz que está dentro dos seus corações, imbuíndo-os com conhecimento do divino; da terceira parte a luz das sua línguas que é a luz do Tawhid (a Unidade de Allah), e da quarta parte Eu fiz as diferentes luzes da alma de Muhammad (saws).
Esta amável alma veio à existência 360 milhares de anos antes da criação do mundo, e foi moldada da forma mais bela e feita de incomparável matéria. A sua cabeça foi feita de liderança, o seu pescoço de humildade, os seus olhos de modéstia, a sua fronte de proximidade ( a Allah), a sua boca de paciência, a sua língua de sinceridade, as suas faces de amor e cuidado, o seu ventre de abstinência e de outras privações mundanas, os seus pés e joelhos de cumprimento do caminho correcto e o seu nobre coração foi preenchido com misericórdia. Esta muito honrada alma foi ensinada para a misericórdia e dotada de toda as formas de maravilhosos poderes. Foi-lhe dada a sua mensagem e as suas qualidades proféticas foram-lhe empossadas. Então a Coroa da Intimidade/ Proximidade Divina foi colocada sobre a sua abençoada cabeça, eminente e exaltada acima de tudo mais, embelezada com Divino Regozijo e foi-lhe dado o nome de Habibullah (Amado de Allah).
Os Doze Véus
Depois disto, O Senhor Todo Poderoso, abençoado seja, criou doze Véus. O primeiro destes foi o Véu do Poder dentro do qual a alma do Profeta se manteve por doze mil anos, recitando Subhana rabbil-‘ala (a Glória seja para o meu Senhor Altíssimo). O segundo foi o Véu da Grandiosidade no qual foi oculto por onze mil anos, recitando, Subhanal ‘Alim al-Hakim (a Glória seja para o meu Senhor, O que tudo Sabe, o Sábio). Dez milhares de anos se manteve envolto no Véu da Bondade, recitando Subhana man huwa da’im, la yaqta (Glória a Ele que é perpétuo, que nunca acaba). O quarto véu foi o Véu da Misericórdia, nele a nobre alma se manteve por nove milhares de anos, louvando Allah, recitando: Subhana-rafi’-al-‘ala ( a Glória seja para o Elevado, o Altíssimo). O quinto véu foi o Véu da Felicidade/ Benção e nele ele se manteve por oito mil anos, glorificando o Senhor e recitando Subhana man huwa qa’imun la yanam (Glória a Ele, o que é sempre existente, o que não dorme).
O sexto véu foi o Véu da Magnanimidade; ele manteve-se envolto nele por sete mil anos, louvando, Subhana-man huwal-ghaniyu la yafqaru ( a Glória seja a Ele, que é rico, que nunca contribui para a indigência). Então, seguiu-se o sétimo véu, o Véu da Hierarquia. Aqui a alma iluminada manteve-se por seis mil anos, louvando o Senhor e recitando: Subhana man huwal Khaliq-an-Nur (Glória a Ele que é o Criador, a Luz). De seguida, Ele velou-o no oitavo véu, o Véu da Liderança/ Condução onde se manteve por cinco mil anos, louvando Allah e recitando Subhana man lam yazil wa la yazal (Glória a Ele cuja existência não cessa, que não se extingue).
Depois segui-se o nono véu, que foi o Véu da Profecia onde se manteve por quatro mil anos, glorificando o Senhor “Subhana man taqarrab bil-qudrati wal-baqa” (Glória a Ele que atrai à sua Omnipotência e Imortalidade). Depois veio o Véu da Elevação, o décimo véu onde esta iluminada alma se manteve por três mil anos, recitando louvores ao Criador de todas as Causas, dizendo “Subhana dhil-‘arshi ‘amma yasifun” (a Glória seja para Dono do Trono, acima de tudo mais a Ele atribuído). O décimo primeiro véu foi o Véu da Luz. Aí permaneceu por dois mil anos, orando ”Subhana dhil-Mulk wal-Malakut” (Glória ao Senhor dos Reinos celestes e terrestres). O décimo segundo véu foi o Véu da Intercessão, e aí permaneceu po mil anos, recitando “Subhana-rabbil-‘azhim” (Glória ao meu Senhor, o Sublime).
Criação do Bem Amado
Depois o Senhor criou uma árvore que é conhecida como a Árvore da Certeza. Esta árvore tem quatro ramos. Ele colocou esta abençoada alma em cima de um dos seus ramos e ela continuou a louvá-Lo por quarenta mil anos, recitando, Allahu dhul-Jalali wal-Ikram (Allah, Possuidor da Força e da Bondade). Depois de ele O ter assim louvado com muitas e variadas preces, o Todo Poderoso criou um espelho, e Ele colocou-o de forma a estar face à alma de Habibullah, e ordenou à sua alma para contemplar este espelho. A alma olhou para o espelho e viu-se a si própria reflectida como possuindo a mais graciosa e perfeita forma. Então recitou cinco vezes Shukran lillahi ta’ala ( graças a Allah, que Ele seja Exaltado), e caiu em prostração perante o seu Senhor. Permaneceu em cada sajda por cem anos, recitando Subhanal-aliyyul-azhim, wa la yajbalu ( a Glória seja para o Altíssimo, o Sublime, que não ignora nada); Subhanal-halim alladhi la yu’ajjalu ( a Glória seja para o Suave que não apressa); Subbanal-jawad alladhi la yahkhalu (a Glória seja para o Generoso que não se restringe). Então, a Causa de tudo o que É obrigou a nação de Muhammad (saws) a realizar sajda (prostração) cinco vezes por dia – estas cinco orações no decurso de um dia e noite foram uma oferta de honra à nação de Muhammad (saws).
Da luz de Muhammad (saws)
A seguir o Senhor criou uma lamparina de esmeralda verde apartir da Luz, e atou-a à árvore com uma cadeia de luz. Depois, Ele colocou a alma de Muhammad (saws) dentro da lamparina e ordenou-lhe que o louvasse com os Mais Belos Nomes (Asma al-Husna). Isto foi o que fez, e começou a recitar cada um dos Nomes por mil anos. Quando chegou ao nome ar-Rahman (o Clemente), o olhar da Clemência recaiu sobre ela e a alma começou a suar de modéstia. Pingos de suor cairam dela, tantas quantos os profetas e mensageiros a existirem, cada pingo com doce aroma de rosa tornando-se na alma de um profeta.
Todos se reuniram em redor dessa lamparina na árvore, e o Todo Poderoso dirigiu-se à alma do Profeta Muhammad (saws), “Vê aqui esta multidão de profetas que eu criei apartir dos pingos em forma de pérola do teu suor”. Obedecendo a esta ordem, ele dirigiu-lhes o olhar, e assim que a luz do olhar envolveu o objecto, assim as almas de todos estes profetas foram de súbito absorvidas na luz de Muhammad (saws) e clamaram “Ó Senhor, quem nos envolveu em luz?” O Senhor respondeu-lhes “Esta é a Luz do Meu Bem Amado Muhammad, e se vierem a acreditar nele e a confirmar a sua mensagem profética, conceder-vos-ei a honra do profetismo”. Logo de seguida, todas as almas dos profetas declararam a sua crença no seu profetismo e o Senhor disse “Presto testemunho do vosso reconhecimento” e todos eles consentiram. Tal como é declarado no Sagrado Alcorão:
“Devereis acreditar nele e ajudá-lo”. E perguntou: “Concordais em tomar meu fardo com essa condição?” Responderam: “Concordamos”.“Sede, pois testemunhas, disse Deus. E Eu dou testemunho convosco". (A tribo de Omran, 3: 81)
Depois, esta alma pura retomou a sua récita dos Mais Belos Nomes de Deus. Quando chegou ao Nome al-Qahhar, a sua cabeça começou a suar mais uma vez dada a intensidade da Sua Divina Majestade e Reverência e destas contas de suor o Todo Poderoso criou as almas dos abençoados anjos. Do suor da sua face, o Todo Poderoso criou o Trono e a Divina Corte, as Tábuas e a Pena, o sol, a lua e as estrelas. Do suor do seu peito Ele criou os eruditos, os mártires e os crentes justos. Do suor das suas costas foram feitos a Bayat-al-Ma’mur (a casa celeste), a Kabatullah (a Kaba), e a Bayat-al-Muqaddas (a Haram de Jerusalem), e a Rauda-i-Mutahhara (o Túmulo do Sagrado Profeta, saws, em Medina) assim como todas as outras mesquitas no mundo.
Do suor das suas sobrancelhas foram feitas as almas de todos os crentes e do suor do baixo das suas costas (o cóccix) foram feitas as almas de todos os descrentes, adoradores de fogo e idólatras.
Do suor dos seus pés foram feitos todo o solo de este a oeste e tudo o que está dentro dele. De cada gota de suor a alma de um crente ou de um descrente foi feita. É esta a razão pela qual o Sagrado Profeta (saws) é conhecido como “Abu Arwah”, Pai das Almas. Todas estas almas se reuniram ao redor da alma de Muhammad (saws), circulando ao seu redor em louvor e glorificação por mil anos. Depois o Senhor ordenou a estas almas que olhassem para a alma de Muhammad (saws). Todas as almas obedeceram.
Quem olhou para a Alma de Muhammad (saws)
Então, dentre eles, os cujo o olhar recaiu sobre a sua cabeça foram destinados a tornarem-se reis e cabeças de estado neste mundo. Os que olharam para a sua fronte tornaram-se apenas chefes. Os que olharam para os seus olhos tornar-se-iam hafiz da Palavra de Allah (ou seja, aquele que se compromete à sua memorização). Aqueles que olharam para as suas sobrancelhas tornaram-se pintores e artistas. Aqueles que viram as suas orelhas seriam dos que aceitam advertência e conselho. Aqueles que viram as suas abençoadas faces tornaram-se os executores de boas e razoáveis obras. Aqueles que viram a sua cara tornaram-se juízes e perfumistas e aqueles que viram os seus abençoados lábios tornaram-se representantes.
Quem quer que viu a sua boca seria dos que jejuam muito. Quem quer que tenha olhado para os seus dentes viria a ser de aparência graciosa e quem quer que viu a sua língua viria a tornar-se num embaixador de reis. Quem quer que viu a sua abençoada garganta viria a tornar-se um pregador e mu’adhdhin ( o que chama o adhan). Quer quer que olhou para a sua barba tornar-se-ia num lutador no caminho de Allah. Quem quer que olhou para os seus braços tornar-se-is num arqueiro ou mergulador no mar, e quem quer que viu o seu pescoço tornou-se um mercador e negociante.
Quem quer que viu a sua mão direita tornou-se num líder, e quem viu a sua mão esquerda tormou-se num dispensador ( o que detém as medidas e mede as provisões). O que olhou para as palmas das suas mãos tornou-se uma pessoa generosa; o que olhou para as costas das suas mãos tornou-se avarento. O que viu o interior da sua mão direita tornou-se num pintor. O que viu as pontas dos dedos da sua mão direita viria a tornar-se num calígrafo, e quem viu a ponta dos dedos da sua mão esquerda tornar-se-ia num ferreiro.
Os que viram o seu abençoado peito seriam dos instruídos, ascéticos e eruditos. O que viu as suas costas seria uma pessoa humilde e obediente às leis da Shari’a. Quem quer que viu as suas ancas seria um guerreiro. Quem quer que olhou para a sua barriga viria a ser um dos satisfeitos e quem quer que olhou para o seu joelho direito seria dos que executam ruk’u e sujud. Quem quer que olhou para os seus abençoados pés tornou-se um caçador e quem viu o inferior das suas solas tornou-se um dos que tomam o caminho. Os que viram a sua sombra tornar-se-iam cantores e tocadores de saz (lut). Todos os que olharam mas nada viram viriam a tornar-se descrentes, adoradores de fogo e idólatras. Os que não olharam de todo, tornar-se-iam nos que se declaram a si mesmos deuses, como Nimrod, o Faraó e os do seu género.
Então, todas as almas se alinharam em quatro fileiras. Na primeira fileira ficaram as almas dos profetas e mensageiros, sobre os quais haja paz; na segunda fileira estavam colocadas as almas dos sagrados santos, os Amigos de Deus; na terceira fileira ficaram as almas dos homens e mulheres crentes; na quarta fileira ficaram as almas dos descrentes. Todas estas almas se mantiveram no mundo dos espíritos, na presença de Allah Todo Poderoso, até que tivesse vindo o seu tempo de serem enviadas ao mundo material. Ninguén senão Allah Todo Poderoso sabe quanto tempo decorreu desde o tempo da criação da abençoada alma do Profeta Muhammad (saws) até à sua descida do mundo espiritual na sua forma física.
É contado que o Sagrado Profeta Muhammad (saws) questionou ao anjo Jibra’il (a.s. [que a Paz seja sobre ele], “Há quanto tempo foste criado?”, o anjo respondeu “Ó Rasulullah, não sei o número de anos, tudo que sei é que a cada setenta milhares de anos uma tremenda luz resplandece em frente vinda de trás do Dossel do Divino Trono, desde a minha criação esta luz apareceu doze milhares de vezes”. “Sabes o que é esta Luz?” perguntou Muhammad (saws), “Não, não sei”, disse o anjo. “É a luz da minha alma no mundo dos espíritos” replicou-lhe o Sagrado Profeta (saws). Considere-se, então, que imenso número deve ser se 70 000 fôr multiplicado por 12 000!
Texto original em inglês: Hajjah Amina Adil, Muhammad. The Messenger of Islam. His Life and Prophecy, Fenton, Islamic Supreme Council of America, 2002, pp. 1-8.
Citações do Sagrado Alcorão: O Alcorão. Livro Sagrado do Islã. Com tradução de Mansour Challita, Rio de Janeiro, BestBolso, 2011, 3ª edição.